Turma 1R- Educação Física
Parkour:
o que é, benefícios, como fazer, manobras, história
Esporte, exercício ou forma de
expressão cultural? A dúvida sobre o que é o parkour ainda está por aí e
realmente não há um consenso fechado. Há aqueles que consideram uma modalidade
esportiva - inclusive, há campeonatos espalhados pelo mundo; há também aqueles
que acreditam que a prática é uma forma de cutlura de um grupo, mas há algo que
não se pode negar: o Parkour é um exercício porque mobiliza diversas partes do
corpo e seus músculos e traz muitos benefícios à saúde.
O que é
O parkour ou le parkour, pode
ser considerado uma modalidade esportiva, que é focada em ultrapassar
obstáculos, de forma segura e rápida, a partir do uso do próprio corpo e suas
capacidades.
Mas se engana quem pensa que o
parkour só pode ser feito por dublês, artistas circenses, militares ou
bombeiros. A prática tem conquistado crianças, adultos, idosos e também pessoas
com deficiência que buscam por autossuperação, diversão e mais força.
O desafio é o principal
combustível ao esporte, segundo atletas de parkour que buscam novas formas de
dominarem e melhorarem suas habilidades - especialmente de força, coordenação e
equilíbrio. Devido à variedade de benefícios, alguns colégios até têm
adicionado o parkour na grade curricular.
Benefícios do Parkour
O desafio é o principal
combustível ao esporte, segundo atletas de parkour que buscam novas formas de
dominarem e melhorarem suas habilidades - especialmente de força, coordenação e
equilíbrio. Devido à variedade de benefícios, alguns colégios até têm
adicionado o parkour na grade curricular.
Melhora a coordenação motora
Melhora o sistema
cardiorrespiratório
Melhora a respiração
Aumenta a concentração
Aumenta a consciência corporal
Permite conhecer seus limites
Proporciona bem-estar,
elevando níveis de dopamina, endorfina e serotonina
Eleva a autoestima
Melhora a flexibilidade
Aumenta o condicionamento
físico
Reduz os sintomas de ansiedade
e depressão
Controla os níveis de glicose
no sangue
Proporciona diversão
Benefícios físicos e
psicológicos do parkour
Em 2017, aos 14 anos, Camila
Stefaniu Ribeiro se consagrou como a primeira atleta profissional de parkour da
América do Sul. A atleta, hoje reconhecida mundialmente, afirma que as
vantagens advindas com o esporte são inúmeras. Fisicamente, ela cita a
aquisição de força, resistência, flexibilidade e equilíbrio. Porém, não vê
essas aptidões de modo isolado: com esses elementos sendo trabalhados, Camila
se sente mais "disposta e pronta para encarar qualquer outro tipo de
obstáculo físico ou mental ao viver e tentar a carreira como atleta
brasileira".
A professora Poliana Souza,
proprietária e diretora da Drop and Leap Escola de Parkour, em Brasília (DF),
complementa: se ela pudesse resumir, diria que o parkour atua em quatro
aspectos principais. São eles: físicos, psicológicos, sociais e ambientais.
Os aspectos físicos são
apontados, pois o elemento básico para a prática do parkour é a força - e dela
surgem demais adaptações hormonais, estruturais e mecânicas. Já os psicológicos
advêm do constante aprendizado pela superação, que mostra como lidar com o
medo, a frustração, a vergonha, a paciência, a coragem, o orgulho e a
comemoração.
Benefícios sociais e
ambientais do parkour
Os pontos sociais dizem
respeito, segundo Poliana, ao ajudar e ser ajudado por um grupo, assim como
vibrar pelas conquistas alheias. E os ambientais se referem ao se tornar parte
da cidade onde o parkour é realizado, tendo zelo pelo local, ocupando-o de forma
natural e atribuindo diversão e treinamento a seus componentes (como escadas,
corrimões e bancos).
Fundador e ex-presidente da
Associação Brasileira de Parkour (ABPK), Jean Wainer comenta que a
autossuperação do parkour acaba sendo levada para outros aspectos da vida.
"Você começa com a ideia de superar seu medo de altura, desequilibrar e
ser julgado. Esse aspecto, de superar medos, começa a se expandir a outras
esferas da vida dos praticantes do parkour. Quem pratica acaba se desafiando
mais pessoalmente e profissionalmente".
Criador do primeiro curso da
modalidade no Brasil, fundador da Parkour Brazil e praticante desde 2004,
Leonard Akira diz que o parkour mudou completamente sua vida, fazendo com que
alcançasse uma melhor qualidade de vida.
Ortopedista pelo Instituto
Medicina do Movimento e mestre em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho
Locomotor, Thiago Coelho afirma que o parkour é um trabalho global e
inteligente, pois trabalha toda musculatura, articulações e integrações
neurológicas. O médico, especializado em pediatria, aponta também que o esporte
é bastante benéfico a crianças, pois auxilia no desenvolvimento motor.
Manobras do parkour
Como toda modalidade
esportiva, há movimentos do parkour próprios e que exigem diferentes
habilidades de acordo com o grau do praticante (exercícios de iniciantes a
avançados).
Amortecimento
A jovem Camila, campeã na
modalidade, afirma que, em seu ponto de vista, o amortecimento é o movimento
mais importante do parkour. O professor Jean Wainer concorda, explicando que o
amortecimento é um movimento básico, geralmente sendo o primeiro a ser treinado
por iniciantes. "É o 'como saber cair'. Todo movimento do parkour exige
uma aterrissagem quando você vai de um ponto a outro. Por isso, a aterrissagem
é tão importante".
Com o auxílio de um professor,
o treino evitará impacto excessivo nas articulações e músculos ao aterrissar,
assim como visará a distribuição do peso durante este movimento e poupará a
coluna. Jean ressalta que é preciso treinar bastante a aterrissagem até que ela
se torne "automática" ao realizar os demais movimentos do parkour.
Salto de precisão
Salto de um ponto ao outro,
que você inicia parado e deve chegar parado, de modo equilibrado. Jean diz:
"imagine, por exemplo, dois corrimões. Então você sobe em um, se equilibra
e salta ao outro, para e se equilibra". O movimento treina principalmente
a resistência muscular, o equilíbrio, concentração e impulsão.
Rolamento
Considerado um movimento
básico e com diversas variações, é utilizado para reduzir impactos após
aterrissar de locais altos. Ao aterrissar, rola-se no solo. Um exemplo é apoiar
o antebraço no chão, aparando a queda e evitando lesões no ombro; então,
impulsione-se seu corpo com a perna esquerda, rolando sobre o braço esquerdo e
tomando cuidado para não bater a cabeça no chão. Use o impulso para se levantar
e já introduzir outro movimento do parkour.
Corrida, com impulso na
parede. É um movimento que exige um misto de técnicas, pois ao final pode ser
mesclado com o agarrar no alto do muro. Para realizá-lo, é preciso treinar a
impulsão do pé na parede.
Vault
Termo advindo da ginástica,
são os movimentos de passagem por cima de obstáculos com uso das mãos para
apoio. Por exemplo: passar por uma mureta apenas apoiando a mão sobre, sem
apoio de pés.
Lache
Movimento de se pendurar em
uma barra (ou em um galho de árvore), se balançar para ter impulso a ponto de
conseguir se agarrar em outra barra ou em outro galho.
Cat Leap
Também conhecido como
"salto de gato" e "salto com braço", é um movimento para
aterrissar em uma parede ou muro com o uso das mãos. Dê um impulso para frente,
movendo suas mãos e pés para apoio na parede ou muro. Então, absorva o impacto
com as pernas na parede e segure a parte superior da parede ou muro com as
mãos. Depois, basta erguer seu corpo para ultrapassar o obstáculo.
Como usar os movimentos do
parkour
É possível misturar os
movimentos. Por exemplo, se você se balança em um galho para conseguir se
apoiar em cima de uma pedra, estará mesclando o lache com salto de precisão.
Contudo, apesar de existirem
movimentos nomeados, Jean explica que a ideia do parkour é fugir um pouco do
foco no gesto motor em si (onde põe a mão, onde põe o pé, como faz o movimento)
e sim em superar aquele obstáculo. Isso porque um muro mais alto vai exigir de
do praticante outras técnicas e habilidades do que um muro baixo; assim como
uma pista lisa e uma pista escorregadia.
Principais músculos
trabalhados no parkour
Devido a combinações de
movimentos diversos, o parkour é capaz de trabalhar o corpo de uma forma
completa, segundo o ortopedista Thiago Coelho - com destaque para membros superiores,
inferiores e o core.
Em movimentos de salto, há a
predominância do uso de músculos de membros inferiores. Já quando você sobe um
muro, a predominância é de membros superiores, porque são mais usados os braços
e costas.
"É preciso ter orientação
profissional e ser criativo para conseguir combinar diferentes movimentos e,
assim, trabalhar o corpo de maneira total", aconselha por sua vez o
treinador Jean.
Quem pode praticar
Profissionais dizem não haver
contraindicações para iniciar o parkour, uma vez que o esporte é uma
apropriação de obstáculos e é determinada conforme as limitações e ritmo de
cada indivíduo. Focado em ortopedia pediátrica, Thiago Coelho aconselha a
atividade até mesmo a crianças para desenvolvimento motor.
O professor de parkour Jean
comenta que "a partir do momento em que é entendido que cada pessoa tem
seu próprio ritmo, qualquer um pode aderir ao parkour. Claro que não é
aconselhado fazer com que um iniciante, uma criança ou uma pessoa mais idosa
realize o mesmo que jovens do parkour fazem em vídeos no YouTube, pois são anos
e anos de treino".
A maioria das escolas oferecem
cursos para todas as idades, desde crianças a idosos. "Nós já demos aula
mesmo a pessoas com deficiência física, com obesidade, com paralisia cerebral,
cegos, idosos, crianças... Então qualquer um pode fazer!", diz o professor
Jean Wainer. É importante que os treinos de parkour sejam adaptados a
indivíduos com quaisquer restrições médicas ou limitações.
História do parkour
O parkour é uma atividade
surgida na França, em meados dos anos 1980 por David Belle. Adepto a movimentos
de ginástica desde criança, ele se inspirou em seu pai, Raymond Belle, para
criação da modalidade. Seu pai era oficial da elite de bombeiros e executava
missões de salvamento.
Assim surgiu o Le Parkour
("le" significa "o"; e "parkour" é
"percurso"), nome dado por David aos movimentos que fazia usando
apenas seu corpo para superar obstáculos nas ruas de Paris. Homens praticantes
da modalidade foram, posteriormente, nomeados de traceur e as mulheres de
traceuses.
Outra grande inspiração aos
praticantes do parkour é George Hérbert. Marinheiro francês, ficou abalado com
a morte de mais de 30 mil pessoas devido à erupção de um vulcão em 8 de maio de
1903. George, então, começa a pensar em como muitas vidas poderiam ter sido
salvas se houvesse maior preparo físico e altruísmo nos indivíduos.
Com este pensamento junto a
suas observações de sobrevivência de tribos africanas (que considerava serem
mais fortes e resistentes apenas pelo convívio de seus corpos com a natureza),
George criou o Método Natural. O método é baseado na apropriação de capacidades
do corpo humano, como: marchar, correr, saltar, engatinhar, escalar, se
equilibrar, arremessar, carregar, lutar e nadar.
Seus treinos não somente eram
focados nessas capacidades físicas, mas também trabalhavam a coragem. Exercia
movimentos em pedras, troncos e árvores. Ainda, ficou conhecida por sua frase "ser
forte para ser útil" em seus treinamentos, em que praticantes carregavam
pessoas e ajudavam os outros a superar desafios.
No Brasil, o parkour começou a
ser praticado em meados de 2004 graças à repercussão de vídeos na internet. No
ano seguinte (2005), é criada a Associação Brasileira de Parkour, com o
objetivo de promover a prática pela autossuperação.
Referências:
Camila Stefaniu Ribeiro,
primeira atleta profissional de parkour da América do Sul
Jean Wainer, educador físico,
fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Parkour (ABPK),
proprietário da Tracer Parkour
João Hollanda, médico
ortopedista com especialização em cirurgia do joelho, médico da Seleção
Brasileira de Futebol Feminino, membro do Grupo de Traumatologia do Esporte da
Santa Casa de São Paulo
Leonard Akira, criador do
primeiro curso de parkour no Brasil, primeiro instrutor da modalidade no país,
fundador da Parkour Brazil
Poliana Sousa, educadora
física, especializada pela instituição Parkour Generations, proprietária e diretora
da Drop and Leap Escola de Parkour de Brasília
Thiago Coelho Paim Lima,
médico ortopedista pediátrico do Instituto de Medicina do Movimento e mestre
pela USP em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor
FERNANDES, Alessandra Vieira;
GALVÃO, Lilian Kelly de Sousa. Parkour e valores morais: ser forte para ser
útil. Motrivivência: Revista de Educação Física, Esporte e Lazer, v. 28, n. 47,
2016.
STRAMANDINOLI, Ana Luiza
Martins; REMONTE, Jarbas Gomes; MARCHETTI, Paulo Henrique. Parkour: História e
Conceitos da Modalidade. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 11,
n. 2, 2012.
VIEIRA, M. et al. Primeiros
obstáculos no Parkour escolar. Congresso Paulistano de Educação Física escolar.
São Paulo: CONPEFE, 2011.
ATIVIDADES
1-
O que é parkour?
2-
Quais são seus benefícios?
3-
Quem pode praticar?
4-
Em que ano e local onde surgiu?
5-
Principais músculos trabalhados?
6-
Quais as manobras do parkour?